domingo, 30 de maio de 2010

GRAÇA ESPETACULAR


“Amazing Grace, how sweet the sound, that saved a wretch like me…” *

(Espantosa [Espetacular] Graça, quão doce o som, que salvou um miserável como eu...)


Talvez seja essa uma das melhores maneiras de expressar a Graça de Deus: Um “doce som” (sweet the sound); uma maravilhosa melodia que penetra na alma do pecador e, semelhantemente como em Jericó, põe totalmente por terra suas muralhas (resistências).

No passado, homens tementes ao Senhor, definiram a graça de Deus como Irresistível **. Não que esta Graça, sendo poderosa - como de fato é -, desconsidere a vontade humana, mas que ao revelar-se, mostra-se de maneira tal que torna inconcebível a idéia de uma existência distante de Deus (o Doador da Graça).

Quando Deus, por sua Graça, chama o pecador, Ele o faz de maneira tal que uma única resposta é possível: “Eis-me aqui!”. Fora assim, prontamente, que responderam Moisés, Samuel e Isaías (Ex 3.4; 1 Sm 3.4; Is 6.8). Não fora assim com Maria também, que ao receber do anjo do Senhor o chamado para desempenhar seu papel no plano da redenção, respondeu imediatamente: “Aqui está a serva do Senhor; que se cumpra em mim conforme a tua palavra” (Lc 1.38)?.

Quando a vontade salvadora de Deus se apresenta ao homem, ali há salvação, independentemente de quão lastimável seja o estado daquela alma, pois é a vontade de Deus; como diz o apóstolo Paulo, “Pois quem jamais resistiu à Sua vontade?” (Rm 9.19b).

Foi assim na vida de Zaqueu. Ao receber o chamado de Jesus – “Zaqueu, desce depressa...” (Lc 19.5) – pode experimentar um encontro tão poderoso com a Graça de Deus que, sem que fosse necessária uma única palavra de exortação do Mestre, seu coração fora transformado a tal ponto que sua primeira iniciativa, em atitude de arrependimento, é endireitar seus caminhos: “Senhor, resolvo dar aos pobres a metade dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém, restituo quatro vezes mais” (Lc 19.8). A resposta de Jesus é a confirmação do resultado de um encontro com o chamado (neste caso, inaudito) da Graça: “Hoje, houve salvação nesta casa...” (Lc 19.9). Que espetacular Graça é esta que salva até no silêncio? “Salva até por meio de um olhar...”?***

Também Levi, um publicano, estando assentado na coletoria, talvez distraído em seus afazeres e certamente alheio do que lhe aconteceria naquele momento, foi surpreendido pelo “doce som” da Graça de Deus e pode ouvir dos lábios do Mestre o chamado da salvação: “Segue-me!” (Lc 5.27; Mt 9.9; Mc 2.14). É maravilhoso lembrar qual sua reação diante deste acontecido: “Ele se levantou e, deixando tudo, o seguiu” (Lc 5.28).

Quão admirável é a Graça de Deus! Ela não somente se apresenta ao homem na forma de um chamado – meramente possibilitando uma resposta do ser humano –, mas, também, em forma de capacitação para responder ao chamado.

Se a Graça de Deus fosse-nos apresentada puramente em forma de chamado, esta não possibilitaria a salvação de ninguém, visto que o homem, em sua condição natural de “morto” espiritualmente (Ef 2.1) e “escravo do pecado” (Rm 6.17), seria, portanto, completamente incapaz de responder positivamente a este chamado da Graça, mas glórias sejam dadas ao nome do Senhor Jesus Cristo, pois Ele não somente nos chama, mas, capacita-nos a responder com fé a este chamado. Como escreveu Sinclair B. Ferguson: “Aquele que os chama cria neles a capacidade de responder, de forma que no próprio ato do chamado Ele os leva à nova vida”.¹ Jesus é o “Autor e Consumador da nossa fé” (Hb 12.2) e ao criar esta fé em nós, Ele não está simplesmente nos possibilitando a salvação, mas garantindo-a! Lembremos: “...pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2.8,9); e, ainda: “Do Senhor é a salvação...” (Sl 3.8a). Onde podemos encontrar este que, tendo recebido o “dom de Deus” (a fé), permanecera a precipitar-se no abismo?

Não podemos esquecer, também, a obra que Deus, através do Espírito Santo, realiza na vida dos que Ele chama afim de capacitar. Esta obra, conhecida como “regeneração” ou “novo nascimento”, é a responsável por uma “transformação drástica e permanente no nível mais profundo da personalidade de uma pessoa... [onde] ...o envolvimento fundamental da pessoa com objetos e princípios abomináveis, aos quais servia, é cessado e ela se volta para Deus” ²; é a partir deste ponto que a fé nos é concedida, pois, “a regeneração precede a fé; isto é, a pessoa não nasce de novo pela fé, mas é capacitada a crer precisamente por Deus tê-la regenerado primeiro”. ³

As Sagradas Escrituras nos dizem que a obra de Deus é poderosíssima e que por meio dela passamos “da morte para a vida” (Jo 5.24) e “das trevas para a luz” (1 Pe 2.9); diz ainda: “Dar-lhes-ei um só coração, espírito novo porei dentro deles; tirarei da sua carne o coração de pedra e lhes darei coração de carne” (Ez 11.19); lemos também no livro de Atos dos Apóstolos, acerca de Lídia, que “o Senhor lhe abriu o coração para atender às coisas que Paulo dizia” (At 16.14b). Em suma, o que estas passagens ensinam é que Deus faz todo o trabalho em nos conduzir a Ele. Como Jesus afirmou: “Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer” (Jo 6.44a). Somos transformados pela ação sobrenatural do Espírito Santo de Deus, para que nós, que estávamos distantes de Deus e, por ocasião do pecado éramos “inimigos” (Rm 5.10; Tg 4.4; Cl 1.21) e “filhos da ira” (Ef 2.3); que não queríamos um relacionamento com Deus, mas através da intervenção dEle, operando em nós “tanto o querer como o realizar” (Fp 2.13), passamos a desejá-lo, possamos agora, de posse de uma nova natureza, nos achegar a Deus, escondidos à sombra da cruz, para, assim como Davi, declararmos: “Tudo vem de Ti, e das Tuas mãos To damos” (1 Cr 29.14).

Perceba que Deus predestinou pessoas para serem salvas (Rm 8.29,30; Ef 1.5,11); Ele enviou Seu Filho Unigênito, Jesus Cristo, para morrer em favor destas pessoas, além disso, o Espírito Santo faz esta tão poderosa obra na vida de cada uma destas pessoas, convencendo-as de seus pecados (Jo 16.8), dando-lhes nova vida (Rm 6.4), trazendo-as das trevas para a luz... Ou seja, o preço pago é muito alto! Deus fez tudo isso para que estas pessoas fossem conduzidas a Ele e não falhará em cumprir Seus desígnios.

Podemos, por fim, perceber toda a plenitude da Graça de Deus, ao relembrarmos a extraordinária conversão de Saulo. Aqui temos um homem cujo objetivo era tão somente acabar com o cristianismo, mesmo que para isso tivesse que assassinar tantos cristãos quanto necessário. Em Atos 9.1 está escrito que ele respirava “ameaças e morte contra os discípulos do Senhor”. Em Atos 7.58, vemos Saulo presente no apedrejamento de um cristão chamado Estevão e no capítulo 8, versículo 1, lemos: “E Saulo consentia na sua morte”. Saulo, já convertido, mais tarde fala sobre as atrocidades que havia cometido, inclusive no caso de Estevão: “Eu disse: Senhor, eles bem sabem que eu encerrava em prisão e, nas sinagogas, açoitava os que criam em Ti. Quando se derramava o sangue de Estevão, Tua testemunha, eu também estava presente, consentia nisso e até guardei as vestes dos que o matavam” (At 22.19,20). Como poderia tal homem render-se aos pés de Jesus? Somente por meio da Graça de Deus!

Certo dia, Saulo, tendo voluntariamente pedido autorização para prender os cristãos que encontrasse (At 9.1,2), viajou para a cidade de Damasco e, no meio do caminho, teve um encontro que mudou totalmente a sua vida; ele encontrou-se com a Graça Espetacular de Jesus Cristo. Saulo ouviu o “doce som” da voz do Mestre (At 9.4) e, dali em diante, tornou-se o Apóstolo Paulo, maior evangelista da igreja cristã e responsável pela maior parte das cartas que compõem o Novo Testamento. De perseguidor a perseguido; de alguém que aprisionava cristãos a aprisionado por amor a Cristo; aquele que ameaçava os discípulos, podia agora entregar a própria vida por eles. Quem pode trazer tamanha transformação a vida de alguém? Somente a Graça do Senhor! Saulo buscava esta transformação? Era desejo dele encontrar-se com o Cristo? Não, foi a Graça que o encontrou! Que Graça Espetacular!

“Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis frutos, e o vosso fruto permaneça” (Jo 15.16a)

“Os gentios, ouvindo isto, regozijavam-se e glorificavam a palavra do Senhor, e creram todos os que haviam sido destinados para a vida eterna” (At 13.48)

“Pois quem jamais resistiu à Sua vontade?” (Rm 9.19b).

DEle recebemos a Salvação, por meio dEle somos transformados, para habitar com Ele no celeste porvir... “porque dEle, e por meio dEle, e para Ele são todas as coisas. A Ele, pois, a glória eternamente amém” (Rm 11.36).


Soli Deo Gloria

Nelson Ávila, 29 de maio de 2010.

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* Amazing Grace: Canção tradicional, com letra e música de John Newton (1725 – 1807). No epitáfio de Newton, escrito por ele mesmo, lia-se: “John Newton, caixeiro. Uma vez infiel e libertino, traficante de escravos na África, mas que pela rica misericórdia de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, foi restaurado, perdoado e nomeado para pregar o Evangelho (...)”.


** Irresistible Grace é o quarto dos cinco pontos de Dort, conhecidos popularmente como: os 5 pontos calvinistas [T.U.L.I.P.].


*** Salvação Graciosa (Wm. A. Ogdem – S. L. Ginsburg) – Hino de nº 198 do Hinário “Novo Cântico” da Igreja Presbiteriana do Brasil (I.P.B.).


¹ The Christian Life: A Doctrinal Introduction, Carlisle, Pennsylvania: The Banner of Truth Trust, 1997 (original: 1981), p. 34. Citado por Vincent Cheung em Introdução à Teologia Sistemática, São Paulo: Arte Editorial, 2008, p. 296.


² CHEUNG, Vincent, Introdução à Teologia Sistemática, São Paulo: Arte Editorial, 2008, p. 297.


³ Idem.



quinta-feira, 20 de maio de 2010

Deus odeia pecadores, e não somente o pecado!

A igreja padrão


"E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações. E em toda a alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos. E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum. E vendiam as suas propriedades e fazendas, e repartiam com todos, segundo cada um necessitasse. E, perseverando unânimes, todos os dias, no templo, e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor, à igreja, aqueles que se haviam de salvar. "
(Atos 2.42-47)

Que maravilha! Temos aqui o melhor manual de crescimento de igreja já criado, o seu autor é o Espírito Santo, a sua metodologia é a simplicidade, a mais saudável era do cristianismo, o tempo fabuloso de crescimento numérico e piedoso tão almejado por tantos lideres.
Um dos temas mais abordados hoje é esse: igreja, e em muitas vezes estudada tal como um experimento num laboratório, avaliada suas dimensões como se faz numa empresa, tratada superficialmente com segredos para fazê-la crescer, não é difícil hoje encontrarmos livros e mais livros discutindo o assunto(6 passos disso, 40 dias para aquilo e etc).Também vemos outras crerem que o sucesso de uma igreja-exemplo é o sobrenatural, então se busca de forma desenfreada qualquer fagulha de êxtase e mistério para que por sua vez possa trazer o reino de Deus a terra.
Tudo isso tenho achado ser muito leviano e insensato pois, não há “segredos” para tal coisa, não podemos nos utilizar de métodos profanos para com a igreja de Deus a qual e Ele comprou com seu próprio sangue(Hb 9.12, Ef 5.25), não para que ficasse exposta aos “gurus” de crescimento de igreja ou que fosse gerenciada futilmente como um empresa, mas para que fosse pastoreada segundo os princípios de Sua própria palavra( I Pe 5.2).
O padrão de devoção da igreja está exposto no referido texto, nesse tempo de pureza e avivamento, isso é o que a igreja contemporânea necessita. Lucas ao registrar esses fatos nos mostra como a igreja do séc. I era plena do Espírito Santo, como foi perseguida e o que a motivava nesse tempo tão cheio de peculiaridades.

I. NÃO NEGLIGENCIAVA OS MEIOS DE GRAÇA

1 Havia doutrina nessa igreja fervorosa
(E perseveravam na doutrina dos apóstolos... Vs 45)

Se concretizava a palavra de Cristo aos apóstolos; ...ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado. Mt 28.18. Essa era a tarefa daquela igreja ensinar e aprender, repassar as sagradas letras aos mais jovens, viver, beber e respirar a santa palavra de Deus. Esta era a pedra que os obstinados judeus tropeçavam; o ensinamento do Cristo ressuscitado. O único escândalo que poderia salvar suas pobres almas orgulhosas.
Mas eu pergunto isso é o que vemos na igreja contemporânea? Essa é ênfase que a nossa geração tem recebido? Esse traço é a marca dos nossos jovens evangélicos em nossas igrejas lotadas?
Lamentavelmente não! Nossos templos estão cheios de gente que jamais leu o novo testamento todo uma única vez, na verdade nunca se viu a igreja louvar e dançar(coreografia) tanto, e ao mesmo tempo ser tão analfabeta de bíblia e de estudos de Sua doutrina santa.
O que vemos hoje são pastores despreparados doutrinariamente, reclamam de seu pouco tempo para estudar, nunca pisaram num seminário teológico e com muito cinismo se desculpam em ilustres homens, fazendo das exceções como Spurgeon, Lloyd-Jones e etc, sua própria regra, para viverem na preguiça da superficialidade bíblica.
Que esperaremos de igrejas de pastores assim, senão heresias, um pragmatismo sem fim, ovelhas apáticas e uma apostasia disfarçada de sucesso?
Não há crescimento sadio por meio de pregação doente, não há evangelho sem cruz, discipulado sem bíblia e conversões sem a dor aguda do arrependimento! Como bem afirmou o puritano John Preston: Não há sermão que sendo ouvido, não nos ponha mais perto do céu ou do inferno.
Somos uma geração indesculpável, sim! Por termos tantos recursos e tão pouca disposição e interesse.
Vejamos então outra característica da igreja primitiva:

2- Havia fervor nessa igreja doutrinada
(...e nas orações,em cada alma havia temor...)

Essa era uma pratica santa, um habito digno de ser imitado. Como o povo de Deus nos nossos dias tem negligenciado a oração!
A maneira como tratamos desse assunto merece total atenção de nossas mentes e temor de nossos corações, sim um santo temor por aquele a quem temos negligenciado a comunicação diária. É preciso observar que a igreja primitiva crescia pela oração.
Creio que satanás plantou uma semente que germinou com muita eficácia no meio do povo de Deus, um ensinamento falso e digno de ser denunciado. Acredita-se hoje que quem é menos intelectual ora mais ou é mais fervoroso e emotivo no seu relacionamento com Deus, “pois essa é a função da oração a esses leigos e iletrados”. Normalmente se nega com palavras esse pensamento, mas a pratica da vida diária confirma; homens que conhecem muito, oram pouco!
Isso é demoníaco. Como um cristão pode viver sem orar, isso é até antagônico, se algum não possui uma vida de oração, então, não é um cristão! Ora se essa é uma das marcas de um verdadeiro crente, e essa pessoa não a possui, como posso chamá-la cristã?
É lógico há “exceções” quando nem sempre se pode orar, mas viver cotidianamente nessas“exceções”, é criar-se um habito e formar a verdadeira identidade de tal pessoa.
Não sejamos frios no nosso relacionamento com o Amado Jesus. Sigamos o exemplo do apostolo Paulo, homem de poderosa intelectualidade e de sincero amor pela oração. Acaso não foi Paulo quem disse:... sede fervorosos no espírito, servindo ao Senhor(Rm. 12.11)?
O que diria desse pensamento maligno, homens como João Bunyan, vejamos um trecho de seu livro Graça Abundante ao Principal dos Pecadores:
"Busquei o Senhor, orando e chorando e do fundo da alma clamei: 'Ó Senhor, mostra-me, eu te rogo, que me amas com amor eterno!' Logo que clamei, voltaram para mim as palavras, como um eco: 'Eu te amo com amor eter­no!' Deitei-me para dormir em paz e, ao acordar, no dia se­guinte, a mesma paz permanecia na minha alma. O Se­nhor me assegurou: 'Amei-te enquanto vivias no pecado, amei-te antes, amo-te depois e amar-te-ei por todo o sem­pre'."
A igreja nasceu numa reunião de oração (Atos 2 ), crescia em oração e foi isso o que Lucas viu e testemunhou ao escrever esse relato . É uma pena não avaliarmos a fundamental importância da oração em nossos dias. O que temos em nossos púlpitos são homens de “olhos secos e cérebros inchados”.

3 Havia singela comunhão.
(...e na comunhão v 45)

Deus estava no meio daqueles cristãos e isso era o que causava o resultado dessa comunhão. Não era algo como “amizadezinhas” , ou uma simpatia por essa ou aquela pessoa que causava esse efeito, mas própria presença de Deus, o Espírito Santo era o unificador daqueles cristãos.
A palavra traduzida por comunhão é (gr. koinonia significa "compartilhar" ou "fazer com que compartilhem" alguma coisa ou alguém, e neste contexto devemos entender que o objeto direto compartilhado é Deus. Deus estava presente, e a comunidade toda compartilhava seu Espírito).
Não é necessario firmar que essa comunhão se expandia na ajuda aos necessitados (v.44,45), amizade cristã sincera(v.46) e sociaveis aos de fora(v.47).
Deus é um tndade e nunca viveu sozinho como pessoa, sempre, desde toda a eternidade Ele ama e era(é e será) amado,criou-nos para relcionamentos, e o que fazemos?
Ouçamos o conselho bondoso do apostolo João... amados, amemo-nos uns aos outros....(1Jo4.7) . Essa também é a tarefa da igreja, amar ao irmão e odiar ao mundo. Mas quantos não têm enveredado por outros caminhos, amando aquilo que Deus odeia e odiando aquilo que Deus mais ama( o irmão), senão por palavras, mas com certeza por atitudes.
É um lastima sabermos que esses supostos cristãos aumenta a cada dia as grossas fileiras de nossas igrejas, estão tão bem disfarçados que poderíamos beber de seus venenos sem ao menos percebermos. Muitos têm se frustrado com a religião por causa deles.
É hora de mudarmos esse quadro e fazer com que nossa luz de comunhão resplandeça, e salgarmos essa terra tal amarga de pecados e conflitos.


4.Havia consideração pela ceia do Senhor
(...no partir do pão. vs 1)
Havia consideração pela ceia do Senhor. Não era praticada com banalidade ou distração havia-se profunda introspecção. Paulo sabia muito bem disso e escrevendo aos corintios falou da solenidade do momento com muita seriedade ...porque, o que come e bebe indignamente, come e bebe para sua própria condenação, não discernindo o corpo do Senhor.(1Co 11.29)
Não é um ritualismo, é a forma de nutrir-nos espiritualmente, seria melhor se um homem examina-se a si mesmo nesse momento. A CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER capXXIX
VIII. Ainda que os ignorantes e os ímpios recebam os elementos visíveis deste sacramento, não recebem a coisa por eles significada, mas, pela sua indigna participação, tornam-se réus do corpo e do sangue do Senhor para a sua própria condenação; portanto eles como são indignos de gozar comunhão com o Senhor, são também indignos da sua mesa, e não podem, sem grande pecado contra Cristo, participar destes santos mistérios nem a eles ser admitidos, enquanto permanecerem nesse estado.
Não poucos homens sabem dessa realidade apenas intelectualmente mas acabam vivenciando em seus corpos as conseqüências de sua insubordinação, é triste. Deus ama quando participamos dessa hora com profunda contrição e reverencia a sua santa memória. Era por isso que a igreja primitiva provava de tanto sucesso no seu aprofundamento espiritual. Sigamos esse exemplo!
II O QUE O SENHOR FAZIA NA IGREJA

1- Deus era adorado pela igreja.
(...louvando a Deus vs.47)
Essa era a maxima da igreja naqueles dias e nisso ela cumpria sua verdadeira função; adorar ao Senhor. O fim principal do homem é glorificar a Deus, e gozá-lo para sempre.(BCW perg.1) Deus criou o homem para sua própria gloria (Is 43.7). A tarefa principal d igreja no mundo não é evangelizar, isso é secundário, o evangelismo é penas um meio de Deus ser glorificado. O evangelismo é para aonde ainda não existe adoração a Ele(para que possa haver). Aquele a quem até ira humana há de louva-Lo(Sl 76.10) exige louvor dos homens. Como está desfigurada essa situação em nosso meio! A conversa falaz de hoje é que o nosso país está sendo o centro da adoração no mundo, simplesmente ridículo!
Há tanta confusão entre adoração e música, show e culto, palestras e pregação, que no meio disso tudo o que podemos fazer senão chorar amargamente pela situação dos nossos irmãos em Cristo? Não são poucos os que tem seus pensamentos embotados por esse caminho de confusão! Como diria Spurgeon: O diabo raramente criou algo mais perspicaz do que sugerir à igreja que sua missão consiste em prover entretenimento para as pessoas, tendo em vista ganhá-las para Cristo. A igreja abandonou a pregação ousada, como a dos puritanos; em seguida, ela gradualmente amenizou seu testemunho; depois, passou a aceitar e justificar as frivolidades que estavam em voga no mundo, e no passo seguinte, começou a tolerá-las em suas fronteiras; agora, a igreja as adotou sob o pretexto de ganhar as multidões.
2- Acrescentava os salvos.
...e todos os dias acrescentava o Senhor, à igreja, aqueles que se haviam de salvar.(vs 47)
Não havia metodologias para a igreja crescer, nem muitos menos manuais de crescimento de igreja para que ela cumprisse o seu “ide”e aonde nós vemos aqui nesse texto ministérios de teatro, coreografia, “louvorzão” e culto disso ou daquilo. Simplesmente não havia, esses cristãos oravam, tinham comunhão, tomavam ceia e tudo de forma muito simples.
Fico imaginando alguns cristãos que hoje acham muito chato se o culto não for “moderno” ou “criativo”, no período do N.T como seriam suas atitudes.
Não havia espaço para essas futilidades na naquela era, pelo contrario, havia perseguição, e muita simplicidade em tudo, tanto na vida quanto no culto daqueles irmãos. Porem ...e todos os dias acrescentava o Senhor, à igreja, aqueles que se haviam de salvar.(vs 47). Essa era a formula secreta!
Deus sabe ganhar almas melhor do que nós. É o seu Espírito que convence o homem do pecado, da justiça e do juízo, e não nossos argumentos , se Ele libertar verdadeiramente o homem que é um escravo do pecado, então esse homem terá suas algemas de malignidade quebrada e será verdadeiramente livre. Deus fará a Sua parte. Ele é o construtor(Mt 16.18) e é Ele quem decide quais tijolos(pedras vivas) serão postos!
CONCLUSÃO
Com isso nos cabe analisarmos a nós mesmos, no íntimo do nosso coração.
Deus sabe qual desses meios de graça(oração, leitura bíblica, comunhão com os irmãos) temos negligenciado. Não nos esqueçamos que se não praticarmos(com amor e sinceridade, é claro) tais meios cometeremos pecado, sim um terrível pecado de omissão!
O que aprendemos então:
1-Apego doutrinário sem oração e piedade, transforma-se em intelectualismo frio e reprovável a Deus.
2-Muita oração sem meditação bíblica se constituirá em espiritualidade cega e a misticismo vazio(senão fanatismo).
3-Comunhão como um fim em si mesmo trará “panelinhas” no meio do corpo de Cristo que brevemente ficará doente.
4-A santa ceia do Senhor feita distraída e irreverentemente, sem nenhum auto-exame ou contrição sincera, trará condenação severa.
5-Todos os meios de graça praticados fielmente, mas sem amor, será inútil e nauseante a Deus (Ap 3.15,16)


“ De todas as coisas que nos irão surpreender na manhã da ressurreição, esta, creio eu, é a que mais causará surpresa: que amamos tão pouco a Cristo durante nossa vida”.
( J. C. Ryle )


E.C. S. Junior,05 de Maio 2010

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